segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Notícias

eu espero que tu tenha recebido o postal. eu sei que eu simplesmente sumi, mas não leve a mal, eu sempre curti muito a ideia de fugir. um tanto keuroac, eu sei, mas eu precisava era me libertar. sempre falei sobre viajar sem destino e tu fazias caretas, dizendo que tinha muito trabalho pra fazer e que o teu chefe com certeza não te liberaria uns dias de folga. ''filha da puta ele'', tu dizia. mas eu sei que no fundo, tu sequer te importa, preferia ficar em casa, assistir a qualquer coisa que passasse na tv que não ultrapasse de duas horas. acho que no final das contas, tu ficou aliviado. eu ter fugido nunca te fez tão bem. eu sei que tu ficou puto da cara comigo. porque eu não disse nem ''adeus, meu bem'', mas é que eu sempre achei despedidas um tanto clichê. eu achei que era melhor pra nós dois. a gente não sabia se dar, a gente não sabia lidar. a verdade é que eu sinto falta de algumas conversas no cordão da calçada e de quando eu preparava o teu chá, que tu sempre dizia que por mais que eu tentasse, o da tua vó era o melhor de todos. em contrapartida, eu não sinto falta nem um pouco de quando tu chegava fedendo a bebida e a cigarro, de quando tu não reparava que eu tinha pintado o cabelo. acho que na verdade, tu nunca se importou ou reparou em quem estava ao teu lado. e pra ser bem sincera, eu não sei dizer ao certo se estive. estive lá sim naquela vez que tu me telefonou às quatro da manhã dizendo que queria se declarar pra tua vizinha, estive em alguns pedaços da tua vida e espero que nesses eu tenha te feito feliz. eu já vou me despedindo, porque daqui a pouco acaba o intervalo do almoço. não reclama que nem da outra vez, porque eu já abri mão de almoçar pra te dar notícias. queria te dizer que eu tô indo, indo bem. quando voltar, quero te apresentar um amigo, o nome dele é antônio, ele trabalha a duas quadras de onde eu trabalho. acho que finalmente estou me apaixonando, queria que tu soubesses. te mando notícias assim que der. até logo, meu bem.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Aprendizagem de Desaprender

Uma pesquisa relata que quando fazemos coisas diversas vezes sem nos perguntar o porquê, nós simplesmente, desaprendemos com o passar do tempo.

Na verdade, essa pesquisa não existe. Eu inventei essa pesquisa, mas de fato, isso passou a fazer muito sentido pra mim depois de que me tornei uma pessoa ávida por Pessoa. Mudei muito meus ideais. Mais do que gostaria talvez.

Nunca entendi o porquê de rezar, rezava por rezar. Rezava porque tinha hora pra rezar. Há anos parei de rezar. Não vi mais sentido naquela repetições, orações e tudo mais. Gostava só daquela do ''Santo Anjo'' -acredito em anjos até hoje, mas isso é outra história que não cabe aqui, não hoje. Sou completamente desacreditada nessa história bíblica e tudo mais.

Não sei se foi o meu anjo celestial ou carnal que veio me pregar uma peça ou um ''acaso da vida'', como queiram chamar. Ao auge da madrugada, choro. Choro pra te esquecer. Pedir pra me fazer esquecer também. Juro por Júpiter que choro pelo melhor. Choro pelo que está por vir e pelo que já passou.

O problema é que, não é o choro o ''x'' da questão. Pode parecer o auge do masoquismo, mas parte de mim gosta de chorar. Não pra sofrer, mas porque eu acredito que chorar, de certa forma, limpa a alma, purifica-a. Podia ser isso o problema. Mas não.

O problema é que eu rezei. Rezei pelos deuses novos e antigos...

Rezei pra te esquecer.

domingo, 10 de novembro de 2013

Adiós

Me desdobro
Em mil faces, formas, jeitos e trejeitos
Faço isso por ti
Talvez por nós
Muito pouco por mim

Se não quiser assim
Melhor pra mim

Adiós, usted

domingo, 3 de novembro de 2013

Relicário

É um homem com azar
A tarde linda que não quer chegar
Dançam as melodias sobre o cantar
Sua música tem o Amor de que cor?

O que está acontecendo?
Tu está ao contrário e ainda não reparou
O que está acontecendo?
Nós estávamos em paz quando alguém chegou

E duas músicas em plenos ar
Atrás de ti vem a dor e o amor
Como uma letra sem rimar
Tu deixa de estar em mais um lugar
Onde eu estou

O que tu estás fazendo
Milhões de desculpas sem nenhum valor
O que tu está fazendo
Um relicário imenso desse amor

Corre o amor porque longe vai?
Sobe o dia tão Anormal
O horizonte anuncia com o seu olhar
Eu trocaria a eternidade pelos ''velhos tempos''

Por que está escurecendo?
Peço o contrário, ver o Sol reluzir
Por que está escurecendo?
Se não vou abraçar seus braços quando tu partir

Quem nesse laço faz o que há durar
Pura semente dura a família, bro
Eu sou o sempre pra tu amar
Pelo zumzum das suas asas tu me falou

O que tu está dizendo?
Milhões de letras deixadas por um compositor
O que tu está dizendo?
Um relicário imenso deste amor

O que tu está dizendo?
O que tu está fazendo?
Por que que está deixando assim?

Desde que tu partiu
O meu coração se quebrou
Hoje eu sinto mais dor
E não sinto nem mais teu amor

E o que olhos piscianos não vêm
O coração aquariano pressente
Mesmo na presença
Tu está ausente.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Um Certo e Agora, Rodrigo?

E agora, Capitão?
O baile acabou,
A chama apagou,
A gurizada sumiu,
A noite esfriou,
E agora, Capitão?
E agora, tu?
Tu que é sem sobrenome,
Que atazana os outros,
Tu que faz guerras,
Que clama, protesta?
E agora, Cambará?

Está sem prenda,
Está sem cavalo,
Está sem carícia,
Já não pode beber,
Já não pode fumar,
Jogar já não pode,
A noite esfriou,
A aurora não veio,
O tempo não veio,
A gargalhada não veio,
Não veio a quimera,
E tudo acabou,
E tudo passou,
E tudo ventou,
E agora, Rodrigo?
E agora, Rodrigo?

Sua doce pronúncia,
Seu instante de cólera,
Sua sofreguidão e jejum,
Sua medalha,
Sua cavalaria,
Seu traje impecável,
Sua vaidade,
Seu rancor - e agora?

Com a espada na mão,
Quer matar o algoz,
Não existe algoz;
Quer morrer na guerra,
Mas a guerra acabou;
Quer ir para Santa Fé,
Fé não há mais,
Capitão, e agora?

Se tu berrasse,
Se tu lutasse,
Se tu tocasse
O hino rio grandense,
Se tu dormisse,
Se tu cansasse,
Se tu falecesse...
Mas tu não falece,
Tu é forte, Rodrigo!

Sozinho na escuridão
Qual quero-quero no campo,
Sem cobardia,
Sem alvenaria
Para se encostar,
Sem cavalo crioulo
Que fuja a galope,
Tu marcha, Capitão!
Capitão, para onde?

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Elena

Elena, sonhei com você essa noite
Você tava de vestido florido
Andando nas ruas de Nova York.

Procuro ficar perto
Te encostar
Te tocar
Te beijar.

As pessoas sempre me disseram que eu podia ser tudo
Menos ser atriz.
Que eu podia me parecer com qualquer pessoa
Menos contigo.
Queriam que eu te esquecesse, Elena.

Procuro você nas ruas de Nova York
Caminho agora ouvindo a sua voz
Me vejo tanto nas suas palavras...
E me perco.

Me perco em você, Elena.


A todos que estão se perguntando quem é a 'Elena', ou se ela existe, se tu queres conhecer Elena, não veja, tu não gostarias de conhecer a Elena: http://www.youtube.com/watch?v=04VkZNIy298

Obrigada à Petra, por ter apresentado essa Elena tão encantadora para o mundo.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Fim de Capítulo

Abrem-se as cortinas. Não dá certo. Nunca deu certo, a gente só fingiu. Atuar me cansa, tu bem sabes.  Não dá mais pra atuar, o palco nunca me pertenceu.  A minha alma nunca se adaptou às falas, ao roteiro. Minha alma nunca foi vestida, um tanto pessoano, eu sei, mas os atos me cansam.  A minha voz saía atordoada, às avessas, era pra dizer “eu te odeio”, mas as cordas vocais são teimosas, insistem em gritar ao público “eu te amo”.

Fecham-se as cortinas. Saem roteiristas, figurinistas, artistas. Saiu até tu, ou eu, não sei ao certo, nós, qualquer pronome reto que te agrade. Saiu alguém também. Ficou somente eu. E a luz do palco, apenas uma, pra eu me orientar. Vou em frente e digo: Fim do Ato. Apagam-se as luzes. O público sai.

O teatral me assusta às vezes.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

E Foi Assim

- Era manhã.

- Duas da tarde.

- Quando ele chegou.

- Foi ela que me viu.

- Eu disse “oi, vai comprar mais um maço?”

- Eu é quem disse “oi”, mas ela não sorriu.

- E foi assim que eu vi que a vida colocou ele de novo pra mim, ali naquela terça feira de setembro. Por isso eu sei de cada maço, de cada cor de cor. Pode me perguntar de cada cigarro, que eu me lembro.

- E foi assim que eu vi que a vida colocou ela de novo pra mim, ali naquela sexta feira de novembro. Por isso eu sei de cada maço, de cada cor de cor. Pode me perguntar de cada cigarro, que eu me lembro.

- O baile foi muito sem graça.

- Oito ou nove bêbados caídos “on the floor”

- Eu adorei a cachaça.

- Era vinho misturado com licor.

- E foi assim que eu vi que a vida colocou ele de novo pra mim, ali naquela terça feira de setembro. Por isso 
eu sei de cada maço, de cada cor de cor. Pode me perguntar de cada cigarro, que eu me lembro.

- E foi assim que eu vi que a vida colocou ela de novo pra mim, ali naquela sexta feira de novembro. Por isso eu sei de cada maço, de cada cor de cor. Pode me perguntar de cada cigarro, que eu me lembro.

- Ela me achou muito diferente.

- Ele ficou, ficou, eu fiquei feliz.

- O rosto dela tava deslumbrante.

- Ele adorou o jeito do meu nariz.

- E foi assim que eu vi que a vida colocou ele de novo pra mim, ali naquela terça feira de setembro. Por isso eu sei de cada maço, de cada cor de cor. Pode me perguntar de cada cigarro, que eu me lembro.

- E foi assim que eu vi que a vida colocou ela de novo pra mim, ali naquela sexta feira de novembro. Por isso eu sei de cada maço, de cada cor de cor. Pode me perguntar de cada cigarro, que eu me lembro.




Dedicada à Clarice que fez a música na qual me inspirei "Eu Me Lembro".

terça-feira, 2 de julho de 2013

Letra A

Já tentei me enganar, cheguei até a procurar em outros olhos os teus. Mas não dá, nunca deu, prever serviu pra eu ter a certeza de que nunca vou encontrar olhos tão doces quanto os teus.

Já deitei em muitos peitos que não o teu, mas não adianta, nem um daqueles que deitei, tem o mesmo perfume que o teu.

Já confundi tuas coxas com de outras moças e por isso te peço desculpas, mas nunca deixarei de ter um amor exagerado pelas tuas.

Já beijei lábios que não chegavam nem perto da maciez dos teus. Provei de tudo e volto a dizer, teus lábios são os únicos que hei de lembrar, não por serem melhores do que de outras, mas por terem o teu amor e serem teus.

Já julguei amar alguém que não eras tu, e talvez esse seja o meu maior pecado. Felicidade é estar com quem se ama e se não contigo, não sou feliz, não amo. Mas, por favor, nunca peça pra amar outra mulher que não sejas tu. Nunca deixe de simplesmente ser o meu amor.

Tu és minha, Anita.

Ou, pelo menos, costumava a ser.

domingo, 2 de junho de 2013

Diga

Não dá
Melhor parar
Tenta mudar o que até não dá

Prometo-te que amor pra ti
Não vou deixar faltar
Mas o meu não posso dar

Não venha me cumprimentar
Porque eu já parei de encenar
Eu não quero mais te fazer sofrer, meu bem

A nossa história
É daquelas que tem até nome
"A que nunca começou".
Mas tu insistes em dizer
Que ela nunca terminou

Eu quero te dizer
O que eu já disse antes
Eu te desejo uma coisa bem bonita
Que tu possas chamar de teu amor
Mas que tu não guardes de mim rancor

Eu não sei como te dizer
Mas sei que tu vens aqui
Então me diga
Porque ainda estás aqui?

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Longe Demais da Capital

Está frio aqui. Não gostaria de buscar uma coberta para me tapar, porém, sinto frio. Convenço-me que devo sentir o frio aqui.
Esse lugar... Nunca pensei que chegaria aqui com menos de trinta anos. Já fui mais convicto nos sonhos meus, admito.
Mas, o motivo por estar te escrevendo, é que eu preciso dizer que, viver aqui foi tudo o que eu sempre quis. Abrir a janela e ver o canal foi o que eu sempre imaginei quando eu acordasse a primeira vez aqui. Admito: a primeira vez foi encantadora; digo, os segundos da primeira vez, porque logo vi que não estavas ao lado meu, vi que a tua boca não estava perto da minha, vi que os teus olhos não estavam ali para eu apreciar.
Percebi que tu estavas longe.
Percebi que tu não existes mais.
Percebi que estou ficando louco, que ainda estou amando alguém que já se foi... Pergunto-me se um dia tu já deveras existiras além dos devaneios meus. Talvez... Mas, volto a acreditar que, não posso estar louco, não posso entrar num hospício por conta disso, não posso amar alguém que nunca passou de uma pessoa ideal pra mim num plano B.
Responda-me, que culpa tenho eu, se todas não são iguais a ti?
Responda-me, que culpa tenho eu, se só quero o amor teu?
Responda-me, por favor, ou cala-te.
Os meus amigos já me disseram que não sabem o que eu vejo, depois de muito pensar, cheguei ao impasse. Eu não sei mais se te vejo, se tu existes, ou se estou mal de amigos.
“Lunático”? Que se dane.
Eles perguntam “Quem é essa guria que tu tanto falas?” Eu digo que é o amor da minha vida, que por ti morreria.
Eles não acreditam, mas eu insisto. Insisto por ti, minha querida. Insisto por nós. Insisto pra ver até onde o meu coração aguenta.
Decidi voltar pra casa, já não aguento mais de tanta saudade, não sei como pude passar um ano longe de ti. Eu estou longe demais da capital, tu sabes. Vê se me espera, na tua rua, na nossa lua ou até nua, mas, me espera que um dia eu hei de chegar.
Veneza não é uma festa. Não sem ti.

Até logo, Anita.

domingo, 12 de maio de 2013

Não Seguir a Canção

Como diz a canção: "A gente sempre deixa de cuidar do que já tem na mão."

Tu bem sabes de como sou descuidada vezenquando.
Descuido meu, não te dizer "eu te amo" todos os dias.
Descuido meu, não te dizer que tu és a mulher mais extraordinária que eu conheço e conhecerei durante toda a minha vida.
Descuido meu, não te dizer que tu és a pessoa mais importante da minha vida.
Descuido meu, dizer que lírio é a minha flor preferida.

Descuidos passados.

Farei agora os devidos cuidados:
Te digo hoje e sempre: eu te amo, mãe.
Te lembro hoje e sempre: tu és a mulher mais extraordinária, mãe.
Te digo agora e sempre: tu és a pessoa mais importante da minha vida, mãe.
Percebo agora e lembrarei sempre: que Rosa é a minha flor preferida.

Que tu não és mãe, que tu és A mãe.
Que tu, minha Rosa, és a minha preferida.

Eu te amo, minha Rosângela.
Eu te cuido, minha Rosa.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Primaveril


"Eu abro mão da primavera por nós dois".

Nunca vi graça na primavera. Aqui pelo menos não há aquela exuberância de flores como nos filmes.
Nunca vi graça numa coisa que intitulam "amor". Aqui pelo menos não há aquele amor cinematográfico.

Mas, depois do inverno, o melhor chegou: tu.
E, contigo, a primavera ficou de plano de fundo pra ver os nossos melhores momentos.
Cinematográficos? Sei lá. A primavera me deixou meio perplexa.

Como ver graça em uma coisa em que ridicularizei minutos atrás?
Como ver graça nas mesmas flores das outras estações?

Acredito que tenha aprendido a graça das flores.
Acredito que tenha acenado para o amor.
Acredito que algumas coisas vêm para o bem:

Primavera é época de te ter de novo.
Primavera é época de lírios, meu bem.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Conselho

Não se doe por completo.
Ou, se doe.
Sei lá.

Ei, tu que estás a ler, não se doe!
Simplesmente não se doe por inteiro.

Eu sempre me doei por inteira.
E depois ficava com resquícios de coisa alguma.
Hoje, me encontrei.
Doei-me mais que por completo.
Doei-me. Entreguei-me toda ao que chamo de "meu amor".

E, sabe aquela pergunta que todo mundo faz:
"Quando que eu sei que é amor mesmo, doutor?"

Digo: é amor quando quando tu te entregas por completo e volta ainda mais inteiro.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Carta ao Anjo

Afinal, o que me faz abrir os olhos de manhã?
Afinal, que motivos eu tenho para abrir os olhos?
Afinal, quantas verdades serão ditas quando eu abrir os olhos?
Não pergunto quanto às mentiras, pois, estou à procura de coisas que me façam abrir os olhos...

Afinal, alguém quer - realmente - que eu abra os olhos de manhã?
Afinal, quantos lírios irei ver se abrir os olhos?
Afinal, quem vai chorar ou rir se eu não abrir os olhos?

Afinal, quem me garante que irei te ver depois de abrir os olhos de manhã?
Afinal, me diga o porquê de abrir os olhos...
Afinal, por que, anjo, quero abrir os olhos, se eu bem sei que tu não estará lá quando eu acordar?

Afinal, por que tu nunca está aqui para me fazer abrir os olhos de manhã?

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Dilan

Meus olhos estão pairados nos seus,
mas, meu radar está fora do ar.
Cada olhar vazio que é transmitido aos céus
é um mistério que se decodificará.

Tu não me feres com o vazio da escuridão,
me fere com o teu olhar de distração.

Eu queria poder alcançar as nuvens,
mas, quase não tenho vinténs.
Mil corações despedaçados e remontados.
Nenhuma descoberta, nenhuma escolha.

Tu não me feres com o seu senão,
me fere com o teu olhar de distração.

Vou deixar previsto em quadros,
mas que deixam rolarem os dados.
Quando tu fores dormir, se recolher,
só então tu vais ver o que sempre quis ter.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Para Azuis

Quando nasci, um anjo anil
desses que vivem em azul
disse: Vai, Luísa! ser azul na vida.

Os pinceis espiam as cores
que correm atrás de telas.
A tela talvez fosse azul,
não houvesse tantos artistas.

O museu passa cheio de artistas:
artistas azuis, artistas celestes.
Para que tanto artista, meu Deus, pergunta a tinta.
Porém meus dedos
não pintam nada.

O homem atrás da obra
é azul, sério, simples.
Quase não pinta.
Tem poucas, raras tintas
o homem atrás da obra.

Meu Deus, por que me pintaste
se sabias que eu não era bela
se sabias que eu era azul.

Tela tela vasta tela
se eu fosse ela
seria uma rima, não seria uma tela;
tela tela vasta tela
mais vasta é a tinta.

Eu não devia te pintar
mas essa lua
mas esse azul
botam a gente comovido com a tela.