sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Fim de Capítulo

Abrem-se as cortinas. Não dá certo. Nunca deu certo, a gente só fingiu. Atuar me cansa, tu bem sabes.  Não dá mais pra atuar, o palco nunca me pertenceu.  A minha alma nunca se adaptou às falas, ao roteiro. Minha alma nunca foi vestida, um tanto pessoano, eu sei, mas os atos me cansam.  A minha voz saía atordoada, às avessas, era pra dizer “eu te odeio”, mas as cordas vocais são teimosas, insistem em gritar ao público “eu te amo”.

Fecham-se as cortinas. Saem roteiristas, figurinistas, artistas. Saiu até tu, ou eu, não sei ao certo, nós, qualquer pronome reto que te agrade. Saiu alguém também. Ficou somente eu. E a luz do palco, apenas uma, pra eu me orientar. Vou em frente e digo: Fim do Ato. Apagam-se as luzes. O público sai.

O teatral me assusta às vezes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário