Está frio aqui. Não
gostaria de buscar uma coberta para me tapar, porém, sinto frio. Convenço-me
que devo sentir o frio aqui.
Esse lugar... Nunca
pensei que chegaria aqui com menos de trinta anos. Já fui mais convicto nos
sonhos meus, admito.
Mas, o motivo por estar
te escrevendo, é que eu preciso dizer que, viver aqui foi tudo o que eu sempre
quis. Abrir a janela e ver o canal foi o que eu sempre imaginei quando eu
acordasse a primeira vez aqui. Admito: a primeira vez foi encantadora; digo, os
segundos da primeira vez, porque logo vi que não estavas ao lado meu, vi que a
tua boca não estava perto da minha, vi que os teus olhos não estavam ali para
eu apreciar.
Percebi que tu estavas
longe.
Percebi que tu não existes
mais.
Percebi que estou ficando
louco, que ainda estou amando alguém que já se foi... Pergunto-me se um dia tu
já deveras existiras além dos devaneios meus. Talvez... Mas, volto a acreditar
que, não posso estar louco, não posso entrar num hospício por conta disso, não
posso amar alguém que nunca passou de uma pessoa ideal pra mim num plano B.
Responda-me, que culpa
tenho eu, se todas não são iguais a ti?
Responda-me, que culpa
tenho eu, se só quero o amor teu?
Responda-me, por favor,
ou cala-te.
Os meus amigos já me
disseram que não sabem o que eu vejo, depois de muito pensar, cheguei ao
impasse. Eu não sei mais se te vejo, se tu existes, ou se estou mal de amigos.
“Lunático”? Que se
dane.
Eles perguntam “Quem é
essa guria que tu tanto falas?” Eu digo que é o amor da minha vida, que por ti
morreria.
Eles não acreditam, mas
eu insisto. Insisto por ti, minha querida. Insisto por nós. Insisto pra ver até
onde o meu coração aguenta.
Decidi voltar pra casa,
já não aguento mais de tanta saudade, não sei como pude passar um ano longe de
ti. Eu estou longe demais da capital, tu sabes. Vê se me espera, na tua rua, na
nossa lua ou até nua, mas, me espera que um dia eu hei de chegar.
Veneza
não é uma festa. Não sem ti.
Até
logo, Anita.