terça-feira, 28 de agosto de 2012

Mentiri Versus Mori

Eu poderia ter mentido.
Talvez, poderia amar.

Amar, volta e meia,
É sempre bom.
Todavia, amar sempre,
Nem sempre é bom.

Eu poderia ter mentido
Do mesmo jeito que
Eu poderia morrer por você.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Tem Que Ser Azul

- Tu sabes que horas são, guri? - fala, agora com as mãos na cintura, depois de bater o indicador no vidro do relógio.

- A hora do nosso encontro? - fala pegando a sua mão, de leve.

Quando ele pegou-a, era como se ela tivesse visto o fantasma do cais, sorriu pálida:

- Como bons amigos.

- Se assim tu quer...

- Eu quero tantas coisas...

- Por exemplo?

- Um algodão doce.

- De que cor?

- Pra ficar mais bonito, azul.

- Se for pra ser azul e bonito, eu quero o céu.

Eles já conversam deitados de fronte com o cais, mas cada um para o lado, fazendo com que a boca dela esteja do lado dos olhos dele, e a boca dele esteja do lado dos olhos dela. Com certeza, foi a cena mais bonita que já vi, porém, nunca fui de parar a fim de ver as coisas bonitas. Mas, a conversa girava como se eles estivessem num universo paralelo:

- Ai, ai, tu não para de desejar coisas utópicas...

- Mas, as coisas estão aí para serem desejadas. Sendo elas utópicas ou não, Anita.

- E, em que mais tu acredita?

- Eu acredito que tu tem um amor introvertido por mim.

Ela somente riu. Até hoje não se sabe se foi um riso desesperado, um riso verdadeiro ou um riso de amor. Ele, consequentemente, riu. Mas, não se sabe ao certo, se fora por nervosismo do que ela poderia dizer instantes depois, ou se foi porque ele acha lindo ela sorrir e também sorri.

- É sério, diz ele acariciando o seu rosto e olhando fixamente de forma alternada para sua boca e olhos.

Ela vai ao encontro da boca dele. O beijo é interrompido por uma lágrima dele, ou dela, não importa, é tarde para saber. Ela balbucia as palavras que ele esperou tanto tempo para ouvir depois de um beijo dela:

- Eu te amo e, sinto muito por te fazer esperar.

Agora é ele que vai ao encontro dela, só que de seus braços. Ele puxa ela para si, como se quisesse que ninguém no mundo roubasse a sua pessoa mais amada. Depois de algum tempo, ela se afasta:

- Já passou da hora.

Ele levanta e pega-a colocando em pé. Os dois caminham, por incrível que pareça, na mesma direção. Eles chegam no ponto.

- Acho que esqueci meu livro lá, já volto, não sai daqui.

- Volta rápido, por favor.

Ele, rapidamente, vai à barraquinha mais próxima. Ele chega por trás dela, coloca suas mãos nos olhos dela. De repente, ele tira as mãos dos seus olhos:

- Quer namorar comigo?

Foi lindo. O algodão doce azul mais lindo que Anita já comera dizendo sim.

sábado, 18 de agosto de 2012

Juramentos Conversados

- Oi.

- Oi, diz ele como se sorrisse com as palavras.

- Tá tudo bem?

- A tua presença melhorou, admito, e tu tá bem?

- Acho que tu fala isso, só porque tu sabe o quanto eu amo me sentir especial! Eu acho que sim...

- É bom fazer as coisas que os outros amam... Por que acha?, diz arqueando alguma das sobrancelhas, provavelmente, a esquerda.

- Eu tive pensando nessas coisas de amor, sabe? Elas são meio estranhas... Ou, talvez eu não ame direito.

- Amar nunca teve descrição, ou um livro de como se ama, só se sabe que se ama. Então, já pode descartar a última hipótese, guria das hipóteses. 

- É, talvez, sempre têm aqueles livros de autoajuda que dizem como se ama, ou como se deveria amar. Maior babaquice até pra ti, guri romântico.

- Se fala sobre o amor verdadeiro, talvez não seja babaquice.

- Ai, ai, o guri que falou que amor não tem descrição se contradizendo?

- Me pegou, admito novamente. A gente tem mania de volta e meia, tentar descrever o amor verdadeiro e julgar ele.

- Amor verdadeiro... 

- Não é?

- É que ridicularizaram tanto o amor, que agora as pessoas falam em "amor verdadeiro", pra dizer com toda redundância possível, que sim, é verdadeiro. Mas, amor por si só é verdadeiro. Não é o que dizem?

- Anita, já me disseram tanta coisa e ouvi tanta coisa sem precisar me falar...

- E, tu não diz nada?

- Eu digo, sim.

- O que tu me diz então?

- Eu te amo.

Depois daquela frase, talvez, passaram-se os mais longos minutos da vida dele. Ele que sempre soube esperar.

- Por que tu sempre fica quieta quando eu te digo isso?

- Eu não sei o que eu deveria dizer e se um dia eu souber, talvez não o diga...

- Por quê?

- Porque com as decepções, a gente tende a não acreditar nas frases que envolvem o verbo amar. Como tu disseste, volta e meia.

- E, qual foi a tua maior decepção?

- Não sei se tem como saber qual a maior... Talvez, quando a minha mãe me contou que, um dia as pessoas amam. E, teve um dia que eu achei que, esse dia maravilhoso tinha chegado. Eu que tinha esperado tanto por ele. No final, nem era o amor.

- Era o quê?

- Promessas mentirosas envoltas no verbo amar.

Naquele instante, ele jurou mais uma vez, a quarta ou a quinta das vezes, que jamais mentiria para ela. Com um detalhe, sempre usando a palavra jurar, ou juramento, para que ela nunca lembrasse da coisa que mais fez ela sofrer um dia. A promessa.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Pra Nós, Covardes

Tudo o que eu queria te dizer
É que, sim, os anjos deveras morrem
E que os lírios com o passar dos dias
Envelhecem o perfume.

Eu queria te dizer também
É que há crianças que não viram
O espetáculo do mar
E, sim, há anjos-crianças que deveras morrem.

Eu queria te dizer agora
É que a capital é linda ao anoitecer
E que o café esfria com a tua ausência
E, sim, anjos-ausentes deveras morrem.

Eu queria te dizer um dia
É que os cafajestes também choram
E que os covardes também amam
E, sim, anjos-covardes deveras morrem.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Alguém Pra Cuidar De Quem Já Cuidou De Mim

Hoje vai ser um dia diferente?
Bom...Você prometeu...
Que estaria comigo independente do que aconteceria
Eu, acreditei, mas, onde estás agora?

Eu fico rondando, rondando
Procuro você, mas, cadê?
Deve estar nas ruas, praguejando e cantando
Mereço?

Desculpas que eu queria que fossem suficientes
Eu sinto tanto à sua falta...
Eu não sei mais como pedir desculpas
De um jeito novo.
Eu realmente queria olhar para cima e lembrar
Que você também estás a lembrar de mim.

Mas, por que motivos, prometeu?
Se me deixaste sozinha, sumiu simplesmente...
Acredite, eu escrevo
Somente para que um dia
Você leias, não para me aliviar a culpa.

Apareça, não sei se posso confiar em outrem...
Tudo ficava tão seguro contigo...
Por motivos quaisquer
Imploro-te que volte.

Ninguém será meu protetor como tu foste.
Ninguém passará essa saudade.
Volta, querido.