sábado, 18 de agosto de 2012

Juramentos Conversados

- Oi.

- Oi, diz ele como se sorrisse com as palavras.

- Tá tudo bem?

- A tua presença melhorou, admito, e tu tá bem?

- Acho que tu fala isso, só porque tu sabe o quanto eu amo me sentir especial! Eu acho que sim...

- É bom fazer as coisas que os outros amam... Por que acha?, diz arqueando alguma das sobrancelhas, provavelmente, a esquerda.

- Eu tive pensando nessas coisas de amor, sabe? Elas são meio estranhas... Ou, talvez eu não ame direito.

- Amar nunca teve descrição, ou um livro de como se ama, só se sabe que se ama. Então, já pode descartar a última hipótese, guria das hipóteses. 

- É, talvez, sempre têm aqueles livros de autoajuda que dizem como se ama, ou como se deveria amar. Maior babaquice até pra ti, guri romântico.

- Se fala sobre o amor verdadeiro, talvez não seja babaquice.

- Ai, ai, o guri que falou que amor não tem descrição se contradizendo?

- Me pegou, admito novamente. A gente tem mania de volta e meia, tentar descrever o amor verdadeiro e julgar ele.

- Amor verdadeiro... 

- Não é?

- É que ridicularizaram tanto o amor, que agora as pessoas falam em "amor verdadeiro", pra dizer com toda redundância possível, que sim, é verdadeiro. Mas, amor por si só é verdadeiro. Não é o que dizem?

- Anita, já me disseram tanta coisa e ouvi tanta coisa sem precisar me falar...

- E, tu não diz nada?

- Eu digo, sim.

- O que tu me diz então?

- Eu te amo.

Depois daquela frase, talvez, passaram-se os mais longos minutos da vida dele. Ele que sempre soube esperar.

- Por que tu sempre fica quieta quando eu te digo isso?

- Eu não sei o que eu deveria dizer e se um dia eu souber, talvez não o diga...

- Por quê?

- Porque com as decepções, a gente tende a não acreditar nas frases que envolvem o verbo amar. Como tu disseste, volta e meia.

- E, qual foi a tua maior decepção?

- Não sei se tem como saber qual a maior... Talvez, quando a minha mãe me contou que, um dia as pessoas amam. E, teve um dia que eu achei que, esse dia maravilhoso tinha chegado. Eu que tinha esperado tanto por ele. No final, nem era o amor.

- Era o quê?

- Promessas mentirosas envoltas no verbo amar.

Naquele instante, ele jurou mais uma vez, a quarta ou a quinta das vezes, que jamais mentiria para ela. Com um detalhe, sempre usando a palavra jurar, ou juramento, para que ela nunca lembrasse da coisa que mais fez ela sofrer um dia. A promessa.

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