quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Tem Que Ser Azul

- Tu sabes que horas são, guri? - fala, agora com as mãos na cintura, depois de bater o indicador no vidro do relógio.

- A hora do nosso encontro? - fala pegando a sua mão, de leve.

Quando ele pegou-a, era como se ela tivesse visto o fantasma do cais, sorriu pálida:

- Como bons amigos.

- Se assim tu quer...

- Eu quero tantas coisas...

- Por exemplo?

- Um algodão doce.

- De que cor?

- Pra ficar mais bonito, azul.

- Se for pra ser azul e bonito, eu quero o céu.

Eles já conversam deitados de fronte com o cais, mas cada um para o lado, fazendo com que a boca dela esteja do lado dos olhos dele, e a boca dele esteja do lado dos olhos dela. Com certeza, foi a cena mais bonita que já vi, porém, nunca fui de parar a fim de ver as coisas bonitas. Mas, a conversa girava como se eles estivessem num universo paralelo:

- Ai, ai, tu não para de desejar coisas utópicas...

- Mas, as coisas estão aí para serem desejadas. Sendo elas utópicas ou não, Anita.

- E, em que mais tu acredita?

- Eu acredito que tu tem um amor introvertido por mim.

Ela somente riu. Até hoje não se sabe se foi um riso desesperado, um riso verdadeiro ou um riso de amor. Ele, consequentemente, riu. Mas, não se sabe ao certo, se fora por nervosismo do que ela poderia dizer instantes depois, ou se foi porque ele acha lindo ela sorrir e também sorri.

- É sério, diz ele acariciando o seu rosto e olhando fixamente de forma alternada para sua boca e olhos.

Ela vai ao encontro da boca dele. O beijo é interrompido por uma lágrima dele, ou dela, não importa, é tarde para saber. Ela balbucia as palavras que ele esperou tanto tempo para ouvir depois de um beijo dela:

- Eu te amo e, sinto muito por te fazer esperar.

Agora é ele que vai ao encontro dela, só que de seus braços. Ele puxa ela para si, como se quisesse que ninguém no mundo roubasse a sua pessoa mais amada. Depois de algum tempo, ela se afasta:

- Já passou da hora.

Ele levanta e pega-a colocando em pé. Os dois caminham, por incrível que pareça, na mesma direção. Eles chegam no ponto.

- Acho que esqueci meu livro lá, já volto, não sai daqui.

- Volta rápido, por favor.

Ele, rapidamente, vai à barraquinha mais próxima. Ele chega por trás dela, coloca suas mãos nos olhos dela. De repente, ele tira as mãos dos seus olhos:

- Quer namorar comigo?

Foi lindo. O algodão doce azul mais lindo que Anita já comera dizendo sim.

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