segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Um Certo e Agora, Rodrigo?

E agora, Capitão?
O baile acabou,
A chama apagou,
A gurizada sumiu,
A noite esfriou,
E agora, Capitão?
E agora, tu?
Tu que é sem sobrenome,
Que atazana os outros,
Tu que faz guerras,
Que clama, protesta?
E agora, Cambará?

Está sem prenda,
Está sem cavalo,
Está sem carícia,
Já não pode beber,
Já não pode fumar,
Jogar já não pode,
A noite esfriou,
A aurora não veio,
O tempo não veio,
A gargalhada não veio,
Não veio a quimera,
E tudo acabou,
E tudo passou,
E tudo ventou,
E agora, Rodrigo?
E agora, Rodrigo?

Sua doce pronúncia,
Seu instante de cólera,
Sua sofreguidão e jejum,
Sua medalha,
Sua cavalaria,
Seu traje impecável,
Sua vaidade,
Seu rancor - e agora?

Com a espada na mão,
Quer matar o algoz,
Não existe algoz;
Quer morrer na guerra,
Mas a guerra acabou;
Quer ir para Santa Fé,
Fé não há mais,
Capitão, e agora?

Se tu berrasse,
Se tu lutasse,
Se tu tocasse
O hino rio grandense,
Se tu dormisse,
Se tu cansasse,
Se tu falecesse...
Mas tu não falece,
Tu é forte, Rodrigo!

Sozinho na escuridão
Qual quero-quero no campo,
Sem cobardia,
Sem alvenaria
Para se encostar,
Sem cavalo crioulo
Que fuja a galope,
Tu marcha, Capitão!
Capitão, para onde?

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